Coluna Conversa de Pista: Onde tem fumaça

Vettel perdeu a liderança que mantinha desde o início do campeonato (Ferrari)

Vettel perdeu a liderança que mantinha desde o início do campeonato (Ferrari)

A Coluna Conversa de Pista é escrita pelo jornalista especializado Wagner Gonzalez
A Coluna Conversa de Pista é escrita pelo jornalista especializado Wagner Gonzalez

US$ 105 milhões seguram Vettel na Ferrari até 2020. Próximas duas semanas favorecem a Scuderia. Bottas firma o pé na Mercedes.

Fazia tempo que Lewis Hamilton não enquadrava Sebastian Vettel com tanta autoridade quanto como fez domingo passado, em Monza. O inglês não se preocupou em fazer marcação máquina-a-máquina ou atacar pelos flancos: simplesmente não tomou conhecimento que acelerava da pista do adversário e via nas arquibancadas um tom de vermelho que não tinha nada a ver com as nuances dessa mesma cor que enfeitam seu capacete.

Vettel perdeu a liderança que mantinha desde o início do campeonato (Ferrari)
Vettel perdeu a liderança que mantinha desde o início do campeonato (Ferrari)

Muito pior do que isso foi o alemão ter vivido essa experiência e voltar para o vestiário três pontos atrás do adversário na tabela de pontos do Campeonato Mundial, algo inédito nesta temporada. Nas treze corridas anteriores a melhor situação que Hamilton viveu foi o intervalo entre os GPs da China e do Bahrein, quando os dois estavam empatados com 43 pontos; em Mônaco a vantagem de Sebastian sobre Lewis chegou a 25 pontos.

A torcida italiana jamais nega a paixão pela Scuderia (Ferrari)
A torcida italiana jamais nega a paixão pela Scuderia (Ferrari)

Como desgraça pouca é bobagem, tudo isso aconteceu em um autódromo que é a verdadeira basílica do automobilismo mundial e situado a meras duas horas de carro de Maranello tempo pouco maior que a 1h15 que Hamiton levou para cumprir as 53 voltas da corrida. Para dar um tempero mais marcante, a perda da liderança do campeonato mundial de pilotos aconteceu sob as vistas do presidente do clube (Sergio Marchionne) e do padrinho da equipe (Piero Lardi Ferrari), os mesmos cartolas que dias antes haviam renovado o contrato com o artilheiro da equipe, supostamente uma combinação de US$ 35 milhões anuais no triênio 2018-2020, manter Kimi Räikkönen mais um ano na equipe e a condição indiscutível de primeiro piloto.

Maurizio Arrivabene, ex-Philip Morris, atual bam-bam-bam da Ferrari na F-1 (Ferrari)
Maurizio Arrivabene, ex-Philip Morris, atual bam-bam-bam da Ferrari na F-1 (Ferrari)

Estivéssemos falando de futebol e técnico da casa já estaria trilhando o caminho da roça. Só que estamos falando de alguém com costas quentes: o “professor” Maurizio Arrivabene durante muitos anos foi quem comandou o orçamento que a Philip Morris dedica ao automobilismo. Durante esse reinado a multinacional e a Ferrari entraram num acordo que permitiu manter o patrocínio vigente mesmo sem exibir o nome Marlboro, algo que é proibido por lei, bastando para isso que o logotipo da Scuderia Ferrari tenha um esquema gráfico que remeta à embalagem do cigarro. Esse acordo, que foi renovado por mais três anos, ontem, é estimado em US$ 100 milhões anuais segundo a publicação SportsPro, especializada em patrocínios esportivos.

Antes e depois: como a Ferrari garantiu a continuidade do patrocínio Marlboro (imagens Ferrari)
Antes e depois: como a Ferrari garantiu a continuidade do patrocínio Marlboro (imagens Ferrari)

Não há dúvidas que vale a pena: a Ferrari é uma das marcas mais valiosas do mundo e agrega valor a qualquer coisa. O fato da marca italiana praticamente investir praticamente nenhum euro, dólar ou yuan em publicidade para vender seus carros de rua ajuda a entender a saúde do tal “valor intangível” exibido pela Scuderia. Se você está achando este parágrafo marqueteiro demais, relaxe: Bernie Ecclestone sempre fez questão de pagar um valor na casa de nove dígitos, em moeda forte, para adoçar a boca dos italianos. Quem conhece um pouco sobre Ecclestone sabe muito bem que ele nunca foi dado a rasgar dinheiro ou dar esmolas.

Em linhas gerais a Mercedes e, com menor intensidade a Red Bull são as únicas equipes que atualmente conseguem resultados financeiros saudáveis e comparáveis aos da Ferrari na F-1. Por isso mesmo, apesar das cíclicas crises que assolam a fortaleza de Maranello ainda é cedo para dizer que o título deste ano será o quarto de Hamilton. Os circuitos que vem à frente, com exceção do Japão, não exibem os longos trechos de aceleração máxima que caracterizam Spa e Monza, palco das últimas duas vitórias consecutivas de Lewis Hamilton, o que deve diminuir a desvantagem mostrada na pista dos arredores de Milão.

Niki Lauda admitiu que Valtteri Bottas fica na Mercedes em 2018 (Mercedes)
Niki Lauda admitiu que Valtteri Bottas fica na Mercedes em 2018 (Mercedes)

Como sugere o título e lembra o dito popular, não é só na Ferrari que as novidades para 2018 estão acontecendo, ainda que na base do conta-gotas e vazamentos seletivos. Em conversa com a imprensa italiana Niki Lauda deixou claro que a renovação do contrato de Valtteri Bottas para 2018 está definida. No campo da McLaren ganhou corpo a proposta de trocar a Honda pela Renault a partir de 2018; o maior entrave para concretizar esse acordo é o desejo comum de toda o planeta F-1 de não perder o fabricante japonês.

Carlos Sainz pode deixar a Toro Rosso, que pode perder a motor Renault (Toro Rosso)
Carlos Sainz pode deixar a Toro Rosso, que pode perder a motor Renault (Toro Rosso)

A Toro Rosso, a equipe que perderia o motor francês, no entanto, não está muito animada em facilitar a conclusão do negócio, o que não chega a surpreender: ter a McLaren usando o mesmo motor que a Red Bull não interessa ao reino dos energéticos. A volta de Robert Kubica, provavelmente na Renault, o anúncio de Charles Leclerc na Sauber – substituindo Pascal Wehrlein -, e o destino dos espanhois Fernando Alonso e Carlos Sainz podem ser as manchetes dos próximos 10 dias.

Charles Leclerc pode ser anunciado na Sauber nos próximos dias (Fia F2/Zak Mauger)
Charles Leclerc pode ser anunciado na Sauber nos próximos dias (Fia F2/Zak Mauger)

Nesse intervalo a F-1 vai revisar seus carros e enviar seu circo para as provas de Cingapura (17/9), Malásia (1/10) e Japão (8/10). Para botar lenha nessa fogueira a conta do aplicativo Twitter da Renault Sport exibia nesta madrugada, pelo horário de Brasília, uma sugestiva foto: Fernando Alonso vestindo um macação da equipe nos tempos em que dividiu a equipe francesa com Giancarlo Fisichella…

Publicação de hoje no twitter da Renault Sport: Alonso e Fisichella (Renault Sport)
Publicação de hoje no twitter da Renault Sport: Alonso e Fisichella (Renault Sport)

Read Previous

Coluna Alta Roda: Ponto de Partida

Read Next

Previsão de licenciamento para 2017 tem revisão positiva

Posts Relacionados