Motor: Ecotec mostra tecnologia e sofisticação. O Ecotec 1.8l, desenvolvido pela General Motors para equipar modelos como Cruze e Tracker, tem componentes avançados e desempenho de motores maiores
Texto e fotos: Carolina Vilanova
Colaboração técnica e imagens: General Motors do Brasil
Ninguém entendeu muito bem quando a Chevrolet substituiu um de seus modelos tops no Brasil, o Vectra 2.0 pelo Cruze 1.8. Quando ao desenho e beleza do veículo, não há questionamentos, mas reduzir a capacidade volumétrica do motor não vai prejudicar no desempenho? Um sedã médio não merece um motor 2.0 mais potente? A resposta é não. A General Motor do Brasil não iria dar uma bola fora dessas. Até porque, hoje em dia, tamanho de motor não é documento.
O Chevrolet Cruze chegou em 2011 e depois dele vieram o modelo hatchback Sport 6 e o utilitário Tracker, todos usando o mesmo propulsor e a prova está nas ruas: o consumidor aceitou e gostou. “O Cruze substitui o Vectra que era um veículo 2.0 8V de 140 cv, o que foi um desafio, pois é difícil convencer que menos é mais. E nesse caso foi o que aconteceu, o Ecotec é um motor menor, porém, mais eficiente e com mais torque”, explica Roberto Yano, líder do setor de motores da GMB.
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De acordo com a engenharia da marca a família Ecotec reúne o que há de mais sofisticado em termos de engenharia e tecnologia. “Ecotec é o nome que damos a todos os motores de alto desempenho da marca, que atingem alta eficiência energética. É uma gama top em tecnologia em termos mundiais”, complementa.
Tudo pela eficiência
O engenheiro explica ainda que o Ecotec foi projetado para ter melhor eficiência energética. Esse trabalho se dá de três maneiras: eficiência térmica, mecânica e volumétrica. Cada marca escolhe em qual projeto pretende trabalhar. Neste projeto priorizou-se o trabalho nas eficiências volumétrica e térmica.
Na parte de eficiência térmica, para o fluxo do líquido de arrefecimento do motor, foi utilizado o conceito de fluxo paralelo. “O líquido entra pela bomba d’água (externa), localizada na frente do bloco, passa pelo bloco, onde faz um fluxo paralelo do bloco com o cabeçote e sai na válvula termostática, que está na parte traseira do cabeçote. Com esse tipo de solução conseguimos uma refrigeração mais eficiente”, explica Yano.
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Ele conta que foi feito um trabalho bastante detalhado na furação da junta do cabeçote para que o fluxo ocorra de maneira paralela, sem causar sobreaquecimento do cilindro. Por meio de um tubo de alumínio é feito o retorno do líquido para a bomba. Na parte de eficiência volumétrica, foram projetados dois comandos variáveis continuamente, tanto na admissão quando no escape, associado a um coletor de admissão que também é variável.
Tecnologia do Ecotec
Para começar, o cabeçote do motor conta com duplo comando de válvulas continuamente variável (Dual CVVT), com variação do tempo de abertura das válvulas de admissão e de escape, com o funcionamento controlado por pressão de óleo.
“Esse sistema otimiza muitos mais pontos do funcionamento do motor; em um motor convencional a posição com que as válvulas abrem e fecham são constantes. No motor Ecotec 1.8L, para otimizar em diferentes condições de operação, pode-se controlar controlar de modo contínuo e independente o início de fechamento ou abertura das válvulas. Ou seja, pode-se aumentar ou diminuir o cruzamento das válvulas. A variação na admissão melhora a consumo e no escape, prioriza o desempenho, há um equilíbrio entre eles”, esclarece Roberto Sintoni, gerente do grupo de sistemas e controladores da GM, que cuida da parte de admissão e escape do motor.
Esse motor conta ainda com um coletor de admissão variável, que torna as respostas do motor mais rápidas. Para que você possa entender, o engenheiro explica que o coletor “curto” é mais utilizado em altas velocidades, quando o carro necessita de potência. Já quando o motor está em baixas rotações, o coletor se torna “longo” privilegiando torque e força.
Esse conjunto também faz com que a queima de combustível seja mais eficiente, proporcionando alto desempenho, economia e uma menor emissão de gases poluentes. E ganha força em baixas rotações, deixando a curva de torque mais homogênea.
Quanto à construção
Em relação ao material empregado na construção dos componentes, o Ecotec conta com bielas forjadas, ao invés de fundidas, que, segundo a marca, garantem muito mais durabilidade. O cabeçote é feito de alumínio, assim como o cárter, e juntamente com o bloco contam com galerias internas para refrigeração especialmente desenhadas de modo que a temperatura no cabeçote seja menor, permitindo maior avanço de ignição, o que resulta em menor consumo.
Confiram o resultado desse trabalho: 144 cv de potência quando abastecido com etanol e 140 com uso exclusivo de gasolina, sempre a 6.300 rpm. Já o torque máximo atinge os 18,9 kgfm a 3.800 com uso do etanol, e 17,8 kgfm com gasolina, também a 3.800 rpm. A GM ressalta que 90% do torque já disponível a partir das 2.200 rotações.
Motor: Ecotec mostra tecnologia e sofisticação: Um por um
– Comando de válvulas variável: atua por meio de pressão de óleo, tanto nas válvulas de escape, para melhorar o desempenho, quando nas de admissão, priorizando o consumo
– Coletor variável: o ar entra pela válvula de aceleração no meio do coletor, e o mecanismo direciona o ar para o duto longo, e quando se começa a acelerar o mecanismo interno permite que o ar siga um curso menor do duto de ar.
– Sensores do comando: são para saber exatamente a posição que está o comando, e também qual pistão está no topo.
– Válvula solenoide de controle do variador de fase: faz o controle da posição do canal de óleo.
– Módulo frontal integrado: uma peça única que combina bomba d’água, bomba de óleo.
– Correia dentada: do tipo longa duração, construída com material mais nobre, a troca é a partir dos 100 mil km rodados.
– Velas de ignição: são de iridium e tem maior intervalo de troca, a partir dos 100 mil km rodados.
– Bobina integrada: para ter facilidade de instalação e o fato de não usar cabo é uma grande vantagem. Seu nome técnico é pencil coil, pois parece um lápis.
– Filtro de óleo: integrado à carcaça com o trocador de calor. O filtro do tipo ecológico, que permite a troca somente do elemento filtrante. O principal apelo do produto é o fato de ser ecológico, não faz o descarte do bujãozinho, apenas do papel que pode ser reciclado.
– Sensor de rotação: que dá sinais vitais para o motor funcionar, fica integrado no vedador traseiro do virabrequim e é uma roda magnética.
– Oil Jet Cooler: jatos de óleo para resfriamento dos pistões, pulverizam óleo na cabeça do pistão para refrigerar e conseguir atingir performance melhor.
– Carter estrutural: construído em alumínio com a flange que acopla à transmissão integrada. Isso permite o melhoramento da rigidez do conjunto e a redução dos níveis de vibração.
– Bloco de ferro fundido: mesmo sendo de ferro fundido, tem um tipo de construção chamada hollow frame, com paredes mais finas e dutos que conectam o cárter com o cabeçote. Por ser oca, deixa o conjunto mais leve que um bloco tradicional de ferro fundido.
Manutenção do motor Ecotec
Em relação a manutenção desse motor, dentro do plano geral, tem correias de longa vida, velas de longa vida, ou seja, somente o óleo e filtros são trocados nas revisões. Isso faz com que o custo seja baixo e sem muita rotina.
Motor: Ecotec mostra tecnologia e sofisticação: Ficha técnica do motor
Modelo: N18XFF
Disposição: Transversal
Número de cilindros: 4 em linha
Cilindrada: 1.796 cm3
Diâmetro e Curso: 80,5 x 88,2 mm
Válvulas: DOHC, quatro válvulas por cilindro (Dual CVVT)
Taxa de compressão: 10,5:1
Potência: Etanol: 144 cv a 6.300 rpm / Gasolina: 140 cv a 6.300 rpm
Torque: Etanol: 18,9 kgfm a 3.800 rpm / Gasolina: 17,8 kgfm a 3.800 rpm
Combustível recomendado: Gasolina comum e/ou Etanol
Rotação máxima do motor: 6.500 rpm
Bateria: 12V, 60 Ah
Alternador: 100 A
Carol Vilanova, editora da Revista e Portal Oficina News, é jornalista (Mtb 26.048) e trabalha desde de 1996 na imprensa editorial automotiva. Em 2003 iniciou sua participação no mercado da reparação e reposição automotiva, inclusive como editora da Revista o Mecânico por 12 anos. No ano de 2014, idealizou o Portal Oficina News, que em 2016 teve sua versão impressa publicada, a Revista Oficina News, sob a chancela da Editora Ita & Caiana. Sob sua responsabilidade editorial, publica também a Revista Frete Urbano.