Queremos o mecânico cada vez mais próximo

Marcoabel é diretor presidente da Cobreq

Marcoabel é diretor presidente da Cobreq

Marcoabel Moreira, diretor-Presidente da TMD Friction do Brasil, fabricante dos produtos Cobreq, afirma que mantém todos os investimentos na nova fábrica da marca e mesmo com o setor ruim, acredita no mercado de reposição como alternativa para amenizar a crise.

TextosCarol Vilanova

Fotos: Divulgação 

Oficina News: Conte um pouco sobre a história da marca Cobreq no Brasil.  Quantos anos tem essa planta de Indaiatuba?

Marcoabel Moreira: A Cobreq nasceu como indústria de borracha em 1961, a Companhia Brasileira de Equipamentos, produzindo equipamentos de mergulho. Em 1973, inaugurou a planta já como fabricante de material de fricção, ou seja, pastilhas e lonas automotivas. Empresa nacional e familiar que permaneceu assim até os anos 2000. Em seguida, passou a integrar o grupo alemão TMD Friction, mantendo a marca Cobreq nos produtos. Já em 2011, o grupo TMD inteiro foi vendido para a Nishimbo, inclusive a planta de Indaiatuba.

ON: Qual a capacidade produtiva desta planta e quais produtos são fabricados?

Marcoabel: Produzimos aqui 35 milhões de peças ao ano, incluindo pastilhas para veículos automotores, ou seja, caminhões, carros e motos, além de lonas de freios para carros e caminhões. Como sempre investimos em produção, esses números mudam rapidamente.

ON: Vocês têm uma parceira como fabricante de disco?

Marcoabel: Parte da estratégia de aftermarket é a venda de discos. Para segmentos de alguns carros de luxo, já ofertamos o produto, que é importado da Alemanha, onde o grupo TMD já produz discos para a Porsche, BMW, Audi, com a opção de kits. Nossa ideia é trazer esses produtos para o Brasil. Além disso, estamos avaliamos a possibilidade de introduzir o disco também para carros mais populares.

ON: Vamos falar um pouco sobre os materiais utilizados na confecção das pastilhas e sua qualidade?

Marcoabel: A Cobreq foi primeira fabricante, ainda em 1985, a desenvolver as pastilhas sem amianto, por exemplo. Mas falando sobre material, tanto nacional quanto importado, cada fórmula tem a sua necessidade específica. Nossa pastilha está muito mais ligada ao tipo de freio que é adotado no carro, assim sabemos qual componente usar. No aftermarket temos que garantir a mesma qualidade do produto original, afinal, tem uma composição diferente, ou seja, as características das peças do aftermarket são diferentes do OEM, sempre assegurando a mesma qualidade. É claro que a base de produtos é a mesma, mas a composição é um tanto diferente, por conta do custo, não conseguiríamos competir no mercado com o mesmo preço.

ON: No que tem que se destacar para crescer no aftermarket?

Marcoabel: Qualidade. No aftermarket se briga mais no quesito qualidade, em posicionamento da marca no mercado, e por último, em preço. No OEM o que se destaca mais é a tecnologia. O tipo de freio que vai ser utilizado no projeto do veículo, o tamanho de disco e da pinça. Existe uma demora maior, por conta dos materiais exaustivamente testados. Temos um centro de pesquisa e desenvolvimento, estamos sempre pensando em tecnologia. Trabalhamos em conjunto com a montadora no desenvolvimento. São os sistemistas, nós e a montadora. Fazemos milhares de testes, com rotas determinadas e computadores ligados ao freio. Fazemos medição de diversos parâmetros, temperatura, pedal, avaliação completa do carro. Isso tanto para produtos OEM quanto para os de reposição. Temos a nossa própria frota para teste de freios.

ON: A fábrica da Cobreq está mudando de endereço?

Marcoabel: Sim. Nossa planta ficou pequena. Na verdade são duas situações: a fábrica situa-se no meio da cidade de Indaiatuba/SP. Temos terreno disponível, mas não conseguimos mais expandir a unidade fabril, logo, uniu-se a necessidade de mudança à necessidade de crescimento. Mas o lema é “Mudar para melhorar”, para isso avaliamos 25 cidades e o município de Salto se destacou, ficou fácil para os funcionários, vamos levar todos eles, são apenas 5 km da atual fábrica. O interessante é que boa parte dos funcionários já mora no meio do caminho. Claro que tivemos uma boa acolhida da cidade, incentivos fiscais, uma área muito boa, na beira da rodovia. O projeto foi aprovado em 2013 e a pedra fundamental foi inaugurada em maio de 2014. Já em agosto temos previsão de finalizar a parte de concreto, parede, telhado, piso, infraestrutura. Nosso objetivo é transferir algumas máquinas ainda esse ano e as que formos comprando também vão direto pra lá. No final de 2016, início de 2017, estaremos todos lá.

Nova fábrica da Cobreq será em Salto/SP e fica pronta no final de 2016
Nova fábrica da Cobreq será em Salto/SP e fica pronta no final de 2016

ON: Com a fábrica pronta, em quanto vai aumentar a produtividade e qual será o destino desse volume?

Marcoabel: Num primeiro momento, teremos o aumento de produção de lonas para caminhão em quase 50%. Aqui temos uma área total de 82 mil m2, com 18 mil m2construídos, mas é zona mista, não é distrito industrial, então não podemos construir mais nada. Lá em Salto já estamos entrando num distrito industrial, com 100 mil m2 de terreno, sendo 32 mil mem construção e possibilidade de crescer se precisar.

ON: Qual é o plano de exportação da marca?

Marcoabel: Nossa exportação hoje é bastante focada na Europa, mas estamos expandindo na América do Sul, atendendo países como Chile, Paraguai e Uruguai. Queremos maior cobertura nessa área.

ON: Fale um pouco do mercado de motos e dos lançamentos da Cobreq para esse segmento.

Marcoabel: Não estamos mais na montadora, saímos da Honda recentemente, mas na reposição atendemos toda frota de motos, desde as pequenas até as mais altas cilindradas. Temos grande cobertura, principalmente, nas motos importadas, e não somente para os modelos mais recentes, mas também as mais antigas. Parte extremante importante é a das motocicletas menores, muito utilizadas nos grandes centros, e aí nossa participação é bem grande.

ON: E as peças chinesas, ameaçam no segmento de freios?

Marcoabel: No quesito pastilha de freios sim, nas lonas, não. Fazemos um trabalho especializado com os mecânicos, com uma equipe técnica para dar orientação a eles, por meio de palestras, treinamentos para montagem de freios, informações em geral. Uma vez que se trata de um item de segurança, o que ajuda na luta contra a falsificação é a obrigatoriedade da certificação do Inmetro, que será a partir de 2016. Logo, a TMD vai certificar essa fábrica e as da Europa, afinal, importamos muitos materiais.

ON: Como é a relação da Cobreq com os mecânicos?

Marcoabel: Cada vez mais próxima e tem se tornado uma necessidade cada vez maior. Por isso estamos aumentando o time de promotores técnicos e o pessoal de vendas. Os novos promotores técnicos são especializados, uns focados em freios de carros de passeio, outros de caminhões ou motocicletas. Nosso objetivo é estar na ponta do Brasil, no mecânico, em todo o Brasil. Promovemos palestras promoções, workshops, etc. Estamos atentos não somente à montagem e ao tipo de material, mas também em aplicação, em valor agregado, com suporte técnico e atendimento.

ON: Em sua opinião, qual o rumo do mercado de aftermarket com esse momento difícil na nossa economia, que tem abalado o segmento automotivo?

Marcoabel: Teremos dificuldades de atingir as metas desse ano em equipamentos para montadoras. Temos expectativas de melhora em meados do ano que vem e, em teoria, teremos a ajuda do aftermarket, uma vez que quando não se compra o carro novo, faz-se manutenção no usado. Mas isso é teoria, o que vemos na prática hoje, nesses primeiros cinco meses do ano, é a questão do aftermarket, embora não tenha sido o orçamento esperado, foi melhor do que em 2014. Não chegamos onde queríamos, mas foi melhor. O mercado de reposição, de um modo geral, vai ter o agravamento da crise a partir de junho, por conta do aumento de desemprego, dificuldade maior da economia de um modelo geral. Ainda não temos clara visão dos efeitos disso, se vai ter impacto forte ou não, mas na reposição até agora foi melhor do que o ano passado. Nossos números registraram 11 % de crescimento na reposição nesses primeiros meses, e houve perda de 6% no OEM, ou seja, somando temos um crescimento positivo de 6%.

ON: Mesmo com crise, a fábrica continua sendo um investimento necessário?

Marcoabel: Todo investimento da fábrica continua. Continuamos com a expectativa de vender 50% a mais do que hoje. Temos um target ambicioso para 2020 de participação de mercado. Vamos investir em qualidade, novos produtos, preços mais interessantes, tudo o que for necessário para crescer.

 

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