A, digamos, peculiar Fenatran

DAF, motor nacional

DAF, motor nacional

A Coluna De Carro Por Aí 4615 foi escrita pelo jornalista Roberto Nasser, colunista do Portal Oficina News
A Coluna De Carro Por Aí 4615 foi escrita pelo jornalista Roberto Nasser, colunista do Portal Oficina News

Vigésima edição de independência setorial, tema próprio em ano desencontrado do Salão do Automóvel, a Fenatran – antes feira e agora salão internacional do transporte-, tem pouco a comemorar: apenas dois fabricantes de caminhões, Volvo e DAF, estiveram presentes. Restante, fabricantes de implementos e peças para transporte, pneus.

Debandada grande de expositores, causada pela redução do mercado, entre 40 e 50%, e pela despedida de metalúrgicos, maioria esmagadora dos fabricantes de caminhões entendeu melhor poupar os gastos entre 5 a 7 milhões projetados para ter presença, livrando-se de queixas institucionais ou reprimendas das matrizes para tal gasto. Consequência do desinteresse em participar por Scania, MAN e Volkswagen, Ford, Schacman, Iveco, Agrale, Mercedes-Benz, recém lançando sua linha Vito, e interessada em mostrar os números de crescimento de participação nas vendas. International não foi. Razões outras. Comunicado à véspera da mostra setorial dizia de suspensão da produção de seus caminhões a fim de adequar o estoque no pátio. Demandada, não respondeu de volume, nem da curiosidade procedimental – quem suspende produção não demite mão de obra especializada – dá férias, coloca-os em lay off, enquadra-se na recente legislação federal de redução de salários. Plantou a dúvida. Foi-se, pela terceira vez ?

Para não oferecer impressão de espaço ocioso, a organizadora Reed Exibitions no atacado reduziu as dimensões do Palácio do Anhembi, SP, aplicando grandes painéis verticais de lona, e no varejo aumentou a largura dos corredores, oferecendo espaços adicionais como bônus aos expositores. Em tal solução, o estande da Volvo ocupava 4.000 m2 – como repetido no discurso de Bernardo Fedalto, diretor de vendas caminhões, a marca, nunca na história da Volvo – ocupou tal área em exposição.

Dos mega participantes do setor, Volvo, em ano recordista de vendas, enfatizou seu sistema Suspensor, pelo qual o eixo de apoio do cavalo mecânico é desligado e levantado quando não houver carga, permitindo ganho de consumo em até 4%. Pioneira montadora Curitibana, entende o mercado já se estabilizou na queda de vendas e, para buscar equilíbrio, avisou aumentar 8% nos caminhões para compensar reflexo de 15% no aumento de preços no produto.

DAF, holandesa controlada pela norte americana Paccar, em Ponta Grossa, Pr, iniciando montar caminhões ano passado tinha o que comemorar. Seu CF85, versões 6×2 e 6×4 ofereceu dois modelos e cabine, e o motor Paccar MX 12,9 em duas variações de potência, 360 e 410 cv, transmissão ZF automatizada com 16 marchas. Comemorava, também, seu atestado de maioridade industrial, fabricar motores, tendo desenvolvido fornecedores para entregar peças usinadas para a montagem final em casa. Motor é o citado MX 12,9, com potências de 360, 410 e 510 cv.

Do ramo, a Alcoa, de alumínio, propôs rodas, chassi, suportes, quinta roda, cardã e, até portas em alumínio, com o argumento de reduzir em até 1 tonelada de peso – ou, na prática, transportar mais uma tonelada paga.

 

DAF, motor nacional
DAF, motor nacional

Citroën AirCross – antes do lançamento

Dia 24 a Citroën apresentará o novo AirCross, como a Coluna  antecipou. Das informações apresentadas e pelos teasers divulgados pela empresas, segredos estão desvendados. Prioritariamente, como função básica, criar novidades visuais, iniciando o ciclo final do produto, e isto é cumprido com re acertos estéticos frontais para manter o aspecto pretensiosamente aventureiro. Mudança na parte dianteira, com novos faróis, alguns detalhes do inovador modelo Cactus – não virá para o Brasil –, e o pacote de itens identificadores das pretensões: para choques com base preta, arcos no teto e, diz fonte da fábrica, na versão de topo, o estepe deixa de ser pendurado na tampa traseira, indo ser fixado na parte inferior traseira da plataforma, GPS e câmera de ré.

No interior, melhor trato de conforto e infordiversão, com tela com 7”- 17,5 cm -, e na mecânica o motor 1,6 recém melhorado e apresentado em seu irmã de linha, o Peugeot 308, com 12,5:1 de taxa de compressão, mantidos os 115/122 cv etanol e gasálcool, e 15,5/16,4 m.kgf de torque, evolução habilitadora a ser reclassificado pela tabela de consumo do Inmetro, ascendendo à Classe A – de menor consumo. Transmissão mecânica  e automática com 6 transmissões antigas, 5 M mecânica e 4 M automática.

O partido do projeto foi implementar sensações de uso e ganhos em economia – através de mudanças nas relações de câmbio.

Novo Aircross
Novo Aircross

Roda-a-Roda

Cachorros grandes – Na disputa pela imagem do carro de série mais potente do mundo, a Dodge fez o Helicat, com motor V8, cabeçotes Hemi, turbo, pacote gerando 707 hps. Para superá-lo a Ford, à falta de Carrol Shelby, seu parceiro de décadas nestas empreitas, procurou Richard Petty, conhecido nos EUA como o Rei de Nascar.

Mais – Petty, ex colaborador da Chrysler, retrabalhou o motor do Mustang V8, 5 litros, e dele consegue tirar 727 hp. Teoricamente o título está mantido pela Chrysler, cujo Helicat sai de linha de montagem, enquanto os King Premier Mustang da oficina de Petty. Mas o purismo pouco importará ao interessado no rótulo concedido pelos 20 hps a mais.

Trabalho – Petty tomou o motor básico, aplicou compressor, resfriador para o ar de admissão, escapamento MagnaFlow, e mudou as calibragens. Para resistir à cavalaria, semi eixos TrakPak, diferencial reforçado e barras estabilizadoras mais espessas, rodas Performance, amortecedores com molas helicoidais, os coil over.

Personalizado – Serão apenas 243 King Mustang – com 670 hp; 43 King Premier; e 14 King Premier conversíveis,e os 727 hp. Preços – nos EUA – entre US$ 67.500 e 90.500. Detalhe natural, todos terão plaqueta assinada por Petty, identificadora da pequena série.

Petty, o icônico chapelão preto, marca registrada
Petty, o icônico chapelão preto, marca registrada

Mudança – Na progressiva e inexorável distância entre o consumidor e o mito do automóvel, pesquisa conduzida nos EUA pela Iseecars.com mostrou outra característica: tempo de uso. De 400 mil veículos do ano de produção 2005 vendidos entre 01.jan e 30.jul, os 15 mais vendidos eram Honda, Toyota e Subaru.

Comportamento – Curiosidade, 80% dos veículos pertenciam aos donos por 10 anos. Informação mostra um re desenho do padrão norte americano de: período de troca, antes pouco acima de dois anos, e a aquisição do automóvel após o período de leasing.

Caminho – Toyota destinou US$ 1B para aplicar em pesquisas de inteligência artificial, com foco especial nos veículos autônomos, os que dispensam motorista. É forma de enfrentar inimaginados concorrentes como Google, Apple e Facebook, todos envolvidos no caminho dos autônomos.

Objetivo – Não quer ser apenas mais um participante do novo mercado, mas aumentar a segurança; tornar o dirigir mais acessível; ter ganhos de produtividade e acelerar a descoberta científica de materiais.

Fiatbishi – Salão de Dubai Fiat apresentou o picape Fullback, nada mais que um picape Mitsubishi, modelo novo, com pequenas intervenções faciais para caracterizá-lo como Fiat. Não virá ao Brasil. Dizem analistas europeus ser o primeiro passo de colaboração entre as marcas, sinergia para reduzir custos.

Engano – Não é. O primeiro foi o SUV Io, encomendado e construído pela Pininfarina, em versões como Fiat e como Mitsubishi. No Brasil chamou-se TR4 e foi bem longevo, encerrando produção recentemente.

Quase – Informação de poucos conhecida, pioneiramente tal sinergia foi tentada no Brasil. Ao fim dos anos ’90 a Fiat de Betim, MG e a Mitsubishi de Catalão, Go, sentaram-se para analisar a possibilidade desta fazer versão de picape L200 com cara de Fiat. Daria certo se o superintendente de então tivesse continuado na filial italiana.

Fiat Fullback, feito pela Mitsubishi
Fiat Fullback, feito pela Mitsubishi

Fluxo – Divisão RAM da FCA, encarregada do fazer e vender picapes, reiniciará comercializar os RAM 2500 produzidos no México. Quer mudar o processo, em vez de trazer lotes, criar fluxo constante.

Futuro – Baseia o negócio na demanda, na ampliação da capacidade de oferta, tanto pelo incremento de novos revendedores da linha Jeep, também distribuidores dos RAM, mas pela abertura do leque de produtos: trarão, também, a seguir, os RAM 1500, menores, a gasolina, 5,7 Hemi e diesel.

Força – Modelo para continuar importação é o 2500, motor Cummins diesel L6, 6.7 litros, evoluído de 310 a 330 cv e os camionais 84 quilos de torque foram elevados a 104 – mais 23,8%, transmissão automática com 6 velocidades, tração nas 4 rodas e reduzida, traseira com 5 pontos de ancoragem. Apresentado dia 26 a R$ 249.900.

Takaro ? – Preço elevado ? Fonte da RAM discorda. E argumenta: – se um novo picape Toyota Hi Lux custa quase R$ 200 mil, o nosso é maior e muito mais forte, tão equipado quanto.

Colado – Nem bem lançou o Audi A3 Sport 1,4 feito nas beiradas de Curitiba, a empresa marcou data de introdução da primeira variação do produto: o A3 Sport com motor 2.000 cm3  será apresentado próximos dias.

Silêncio – Produzido paralelamente aos Audi A3, ambos utilizando na nova plataforma MQB na fábrica de São José dos Pinhais, o VW Golf não tem data marcada para disponibilização ao mercado.

Ocasião – VW sofreou o projeto e adiou a apresentação anteriormente marcada para novembro. Como em dezembro há dispersão dos interesses dos compradores, ficará para 2016. Por enquanto, Golf apenas alemão e mexicano.

De volta – Novidade de fim de ano para a Volkswagen, ficará restrita ao Passat 2016. Ainda em novembro.

Dúvida – Comunicados da MWM International criaram dúvidas quanto ao futuro das marcas no país. MWM diz encerrar ao início de 2016 produção dos motores diesel fornecidos à GM.

Mais – E diz ter suspenso temporariamente a produção dos caminhões International alegando desequilíbrio entre vendas e estoque. Seria medida possível, não tivesse demitido os funcionários do setor. Como a MWM de diesel veiculares é marca específica do Brasil; International já do saiu do país duas vezes; e os comunicados tangenciam a questão, plantou a dúvida. Ficam ?

Conjuntura – Queda de negócios na venda de ônibus aproximou concorrentes como Marcopolo e Neobus. Assinaram carta de intenções não vinculante, e estão em fase de due diligence, os procedimentos internos para valorar empresas. Somar-se-ão, e os controladores da Neobus receberão ações da Marcopolo – e continuarão gerindo sua antiga empresa.

Multi – Acionista de 25% do capital da New Flyer Industries Inc, maior fabricante de ônibus urbanos dos EUA, a Marcopolo anunciou ter assinado contrato para adquirir o controle da Motor Coach Industries International, maior fabricante de ônibus rodoviários. Negócio de US$ 455M.

Cliente – Mudança na legislação de emissões adotando as regras Euro 5, e desvalorização do Real criaram condições favoráveis para a venda de produtos brasileiros na Argentina. MAN Latin America lá desembarcou com caminhões Volkswagen entre 160 e 420 cv de potência, e ônibus urbanos com piso baixo.

Racionalidade – Caminhões médios terão caixa automática como opcional; cavalos mecânicos te-las-ão, idem ônibus. Para estes o sistema é racionalmente obrigatório no vizinho país.

Gente – Reformulação comercial na Mercedes-Benz. OOOO Gilson Mansur, diretor de marketing e vendas caminhões se aposentará. OOOO Lugar preenchido por Ari Gomes Carvalho. OOOO Silvio Renan Silva Souza, novo diretor de Pós-Venda. OOOO Walter D’Silva, milanês – neto de portugueses -, 64, designer, aposentadoria anunciada. OOOO Fará 65 anos em fevereiro, data de corte na Volkswagen. OOOO D’Silva chefiava a área de design do grupo, e em sua prolífica carreira o produto mais marcante foi o Alfa Romeo 156, escultura sobre rodas.OOOO Interessantemente, seu carro de lazer é picape Saveiro, brasileira. OOOO

Mercedes vira o jogo e vai à liderança

Única empresa do setor automotivo a ocupar o topo do ranking entre as empresas inovadoras no país, Mercedes foi incluída na lista – 14a. entre 100. Pesquisa da Strategy& por encomenda do jornal Valor Econômico reconheceu os resultados dos investimentos da empresa em pesquisa e desenvolvimento.

Negócio tem o dedo de Philipp Schiemer, CEO da empresa, assumindo ao início do declínio de vendas, assinalando em outubro queda recorde de 45% de redução nas unidades comercializadas.

Dentre as recentes conquistas de seu Centro de Desenvolvimento Tecnológico estão as ações para nacionalização do Actros, caminhão superior da marca. Incrementar a nacionalização permitiu incluí-lo, assim como os modelos 2546 6×2 e 2646 6×4 no programa Finame PSI do BNDES facilitando financiamentos.

Acredita-se, função de ter-se entendido com usuários e concessionários, absorvido opiniões e tomado providências, a Mercedes mudou produtos, ampliou vendas, mesmo no desenho recessivo penalizando o setor. O produzir chassis, motores, câmbios e eixos sob o mesmo teto, em época de mercado ascendente é fórmula de produtividade, entretanto em fase de recessão significa maior ociosidade e esforços para gestão de pessoal. Apesar dos problemas de gestão de pessoal ocioso em função da queda de 50% das vendas, projeção numérica indica, Mercedes re assumirá liderança de mercado.

 

Mercedes tende a re assumir liderança
Mercedes tende a reassumir liderança

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