Biometano: por um transporte urbano de cargas mais sustentável

Biometano: por um transporte urbano de cargas mais sustentável

Combustível: Biometano: por um transporte urbano de cargas mais sustentável

Por décadas, o diesel foi sinônimo de força e autonomia no transporte de cargas, mas hoje esse cenário ficou mais diversificado e sustentável. Entre as alternativas energéticas, o biometano desponta como um combustível capaz de unir performance, economia e redução drástica das emissões de CO₂, ou seja, benefícios que impactam diretamente o bolso e a imagem do transportador urbano.

Isso ficou bem claro na última Fenatran, em que as principais montadoras apresentaram modelos prontos para rodar com gás biometano. A Iveco mostrou o S-Way NG (6×2, 460 cv e 53 toneladas de CMT), que pode rodar tanto com gás natural veicular (GNV) quanto com biometano, e o Tector NG.

A Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) destacou o Constellation 26.280 Biometano, projetado para coleta de resíduos sólidos em centros urbanos. Já a Scania trouxe seus caminhões a gás e biometano, reforçando o compromisso com a descarbonização do transporte pesado.

Para o motorista e a transportadora, isso significa que já existem opções comerciais, com rede de pós-venda e garantia de fábrica. Não se trata mais de um combustível experimental, mas de uma alternativa em expansão, inclusive com contratos de fornecimento garantidos nas principais rodovias do Sudeste.

Biometano: por um transporte urbano de cargas mais sustentável

Como funciona e por que é diferente

Produzido a partir de resíduos urbanos em aterros sanitários ou de rejeitos agroindustriais, o biometano é um gás renovável, semelhante ao GNV, mas com vantagens ambientais e econômicas. Ele substitui combustíveis fósseis como diesel, gasolina, GNV e GLP, reduzindo em até 90% as emissões de CO₂.

Além de ser 100% nacional, o biometano não depende de variações cambiais, nem da compra de créditos de carbono, o que dá previsibilidade aos custos operacionais. Para o transportador, essa estabilidade é cada vez mais valorizada por clientes que exigem logística verde em suas cadeias de suprimento.

Casos reais e números que impressionam

No Brasil, a Gás Verde, maior produtora de biometano da América Latina, fechou contrato para fornecer combustível e caminhões Scania GH 460 6×2 a gás — todos movidos a biometano — para empresas que buscam zerar emissões em operações logísticas. Os 40 primeiros veículos já começaram a ser entregues em 2025.

Um exemplo é o case L’Oréal, que passou a abastecer 13 caminhões com biometano para ligar sua fábrica em Vila Jaguará ao centro de distribuição em Jarinu (SP). São cerca de 750 viagens mensais e redução expressiva das emissões de gases de efeito estufa.

Segundo a VWCO, um Constellation 26.280 Biometano que rode entre 50 e 70 mil km por ano pode evitar até 150 toneladas de CO₂ no período. Já a Scania afirma que seu caminhão GH 460 6×2 movido a biometano, equipado com “mochilão” de cilindros, alcança 650 km de autonomia com desempenho similar ao diesel.

Brasil: de pioneiro em etanol a líder em biometano

Com 50 anos de experiência em biocombustíveis (etanol e biodiesel), o Brasil chega preparado para a nova fase. Em 2024, Brasil e Japão lançaram, na 1ª Reunião Ministerial sobre Combustíveis Sustentáveis em Osaka, a meta de quadruplicar o uso global de biocombustíveis até 2035 — compromisso que será tema central da COP30, em Belém.

Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), o país reúne condições únicas para liderar essa agenda, combinando escala de produção, infraestrutura e políticas públicas. O biometano é apontado como um dos vetores centrais para descarbonizar o transporte pesado e urbano, ao lado do biodiesel, do HVO e dos veículos elétricos.

O que isso significa para o motorista de VUC

Para quem vive o dia a dia da distribuição urbana, a entrada do biometano traz impactos práticos:

  • Mais opções de caminhões com tecnologia de fábrica, manutenção e rede credenciada.
  • Economia previsível, já que o biometano tem preço indexado à inflação e não ao dólar.
  • Imagem sustentável, que pode garantir contratos com clientes que exigem transporte limpo.
  • Desempenho similar ao diesel, sem perda de potência ou torque nas operações urbanas.

Com metas globais mais rígidas e clientes pressionando por logística verde, dominar esse tema é um diferencial competitivo para o transportador. Montadoras, fornecedores de combustível e governos estão criando a infraestrutura para que a transição seja viável, do aterro sanitário às rodas dos caminhões.

Ao lado dos caminhões elétricos e híbridos, o biometano consolida o transporte sustentável como realidade no Brasil. O motorista de veículo urbano de carga, que sempre buscou autonomia e rentabilidade, agora pode somar um novo atributo: ser protagonista de uma transformação que alia economia, tecnologia e responsabilidade ambiental.

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