
Mecânica do Futuro: O que significam as siglas BEV, PHEV, HEV e HEV Flex e como impactam a reparação automotiva
Com o avanço dos veículos eletrificados no Brasil, oficinas mecânicas e profissionais de reparação estão diante de um novo cenário técnico. Mais do que conhecer os modelos e suas tecnologias, é essencial entender as diferenças entre eles, principalmente, porque as siglas que classificam os veículos eletrificados, parecem mais uma sopa de letrinhas: BEV, PHEV, HEV e HEV Flex.
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É claro que cada categoria traz particularidades não só para o consumidor, mas também para quem faz manutenção e reparos. A seguir, explicamos essas classificações com base nas definições da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), e colocando dentro do dia a dia do mecânico, mostrando os desafios e oportunidades da manutenção desses novos veículos.
– BEV – Battery Electric Vehicle (Veículo Elétrico a Bateria)
São veículos 100% elétricos, movidos apenas por motores elétricos alimentados por baterias recarregáveis. Não utilizam motor a combustão nem câmbio tradicional.
Na oficina:
✔ Menor número de peças móveis — ausência de componentes como escapamento, câmbio e sistema de injeção.
✔ Demanda formação específica em sistemas de alta tensão e protocolos de segurança.
✘ Reparo mais técnico e dependente de equipamentos específicos.
✘ Diagnóstico exige scanners e ferramentas compatíveis com sistemas elétricos.
– PHEV – Plug-in Hybrid Electric Vehicle (Híbrido Plug-in)
Esses veículos combinam motor elétrico e motor a combustão. As baterias são recarregadas externamente por meio de uma tomada e permitem rodar por distâncias curtas só com eletricidade. Em caso de estrada por exemplo, é o motor a combustão que entra em ação, mesmo assim com mais economia.
Na oficina:
✔Compartilham componentes com veículos convencionais, facilitando parte da manutenção mecânica.
✔Permitem entrada gradual do reparador no universo elétrico.
✘ Mais complexos eletronicamente — exigem domínio tanto do sistema elétrico quanto do térmico.
✘ Maior número de módulos eletrônicos e risco de falhas cruzadas entre os sistemas.
– HEV – Hybrid Electric Vehicle (Híbrido Convencional)
Os híbridos convencionais não possuem carregamento externo. A energia elétrica é gerada internamente por frenagem regenerativa e pelo motor a combustão.
Na oficina:
✔Manutenção do motor térmico ainda é parte importante do serviço.
✔Algumas tecnologias já estão difundidas no mercado, como nos modelos Toyota.
✘ Sistema elétrico requer conhecimento em baterias de média tensão.
✘ Ferramentas de diagnóstico específicas para o sistema híbrido são necessárias.
– HEV Flex – Híbrido com Tecnologia Flex (Exclusivo do Brasil)
Versão nacional do híbrido convencional, combinando a tecnologia híbrida com o motor bicombustível, que aceita gasolina e etanol.
Na oficina:
✔ Mais compatível com a realidade das oficinas brasileiras.
✔ Possibilidade de adaptação de reparadores já familiarizados com sistemas flex.
✘ Requer atenção redobrada à integração entre biocombustível e eletrificação.
✘ Assistência técnica ainda concentrada em redes autorizadas.
Desafios para o reparador automotivo
A eletrificação veicular representa uma mudança de paradigma para o setor de manutenção. Segundo a ABVE, o Brasil já superou 240 mil veículos eletrificados em circulação — e esse número deve crescer rapidamente. Para o profissional da reparação, isso exige capacitação em:
- Sistemas de alta e média tensão
- Segurança elétrica na oficina
- Uso de EPIs específicos para veículos eletrificados
- Leitura de manuais técnicos e uso de scanners dedicados
Além disso, trabalhar com eletrificados impõe uma mudança no modelo de negócio: menos troca de peças e mais diagnóstico eletrônico. O conhecimento técnico passa a ser um diferencial competitivo. A eletrificação não é mais uma tendência futura: ela já é uma realidade presente nas oficinas. E quem se preparar primeiro, sai na frente.